Presidente dos Correios diz que pode buscar novo empréstimo de R$ 8 bilhões em 2026
Os Correios detalharam nesta segunda-feira (29) o plano de reestruturação da empresa, que prevê corte de R$ 2 bilhões em gastos com pessoal, venda de imóveis e o fechamento de mil agências – atualmente os Correios têm cerca de 5 mil unidades.
A empresa vai implementar um programa de demissão voluntária (PDV) e espera, em até 2 anos, reduzir em 15 mil o número total de funcionários, o que representaria um corte de 18% na folha de pagamentos.
O PDV é um pacote de incentivos oferecido por uma empresa para que seus funcionários peçam demissão por vontade própria. Diferente de uma demissão comum, o PDV funciona como um acordo. Para a empresa, é uma forma de reduzir custos ou reestruturar o quadro de funcionários sem o impacto negativo de demissões em massa.
O detalhamento do plano de reestruturação foi apresentado durante entrevista coletiva em Brasília pelo presidente da estatal, Emmanoel Rondon, que afirmou que o modelo econômico-financeiro dos Correios deixou de ser "viável".
O plano de reestruturação elaborado tem o objetivo de reverter os 12 trimestres seguidos de prejuízos.
Entre as medidas preparadas, está a tomada de empréstimo de R$ 12 bilhões junto a instituições financeiras bancárias.
De acordo com Rondon, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Bradesco vão aportar R$ 3 bilhões cada. Itaú e Santander vão emprestar outros R$ 1,5 bilhão, cada um.
Segundo os Correios, R$ 10 bilhões do crédito contratado entrarão no caixa da empresa até quarta-feira (31). A empresa espera receber o restante em janeiro de 2026.
A proposta detalhada nesta segunda visa recuperar a saúde financeira da empresa em 2026 para que possa voltar a ter lucro a partir de 2027. Para isso, os Correios esperam:
redução em R$ 2,1 bilhões nos custos com pessoal
vender R$ 1,5 bilhão em imóveis não operacionais
redução de mil pontos de venda deficitários
reformulação do plano de saúde para reduzir o custo em R$ 500 milhões anuais
Em setembro, a empresa anunciou o resultado do primeiro semestre de 2025 e apresentou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões. Em 2024, o prejuízo no mesmo período tinha sido de R$ 1,3 bilhão.
O presidente dos Correios afirmou que "a rota precisa ser ajustada rapidamente" para evitar um possível prejuízo de R$ 23 bilhões para o ano de 2026. "Não tem mudança substancial em 2025 que vá afetar este ano. A expectativa é que ainda exista uma leve piora para 2026", afirmou Rondon.
Empréstimo de R$ 12 bilhões
Um dos principais pontos do plano é a tomada de empréstimo de R$ 12 bilhões para quitar dívidas e aliviar o caixa da empresa que vem sofrendo com falta de recursos.
A assinatura do contrato foi publicada no sábado (27), no Diário Oficial da União (DOU), e envolve um consórcio com os bancos Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O acordo tem validade até 2040 e conta com garantia da União, o que significa que o governo federal dá respaldo à operação e reduz o risco para as instituições financeiras que concederam o crédito. O contrato prevê um prazo de carência de 3 anos e pagamentos mensais a partir de dezembro de 2029.
O empréstimo bilionário foi autorizado pelo Tesouro Nacional na semana passada e faz parte do plano de reestruturação dos Correios, após cinco bancos apresentarem proposta de financiamento.
Com o aval do Tesouro, o governo federal deve honrar as parcelas do pagamento caso os Correios fiquem inadimplentes, ou seja, se a estatal não pagar. Trata-se de uma garantia adicional para os bancos que concederam o crédito.
Durante a coletiva, o presidente dos Correios não descartou o planejamento da empresa de tomar mais R$ 8 bilhões emprestados de instituições financeiras.
A ideia inicial da estatal era a tomada de um empréstimo de R$ 20 bilhões, que não foi autorizado pelo Tesouro Nacional em função da alta taxa de juros que havia sido proposta.
"O plano de reestruturação foi concebido com uma necessidade declarada de captação de recursos da ordem de R$ 20 bilhões. Então, a gente fez uma primeira rodada com bancos, recebemos oferta dos R$ 20 bilhões, mas uma taxa que a gente entendeu que estava mais elevada do que a gente precisava", afirmou Rondon.
Fonte: G1/Vídeo: Globo News
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