Brasil enfrenta problemas com Ucrânia e Israel enquanto lida com EUA

Em paralelo aos esforços para conter a crise com os Estados Unidos, após a polêmica tarifa de Donald Trump, o governo brasileiro enfrentou uma semana de problemas diplomáticos com Ucrânia e Israel.
No campo diplomático, recentes movimentações apontam para um maior distanciamento entre Brasil e os países comandados por Volodymyr Zelensky e Benjamin Netanyahu, devido a posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as guerras que envolvem Ucrânia e Israel.
Na segunda-feira (21/7), Volodymyr Zelensky definiu o nome de 16 novos embaixadores ucranianos, que vão ocupar postos no exterior. O governo da Ucrânia expandiu a presença diplomática na América Latina, com a abertura de embaixadas no Equador, na República Dominicana, no Panamá e no Uruguai.
Apesar disso, o governo ucraniano decidiu não indicar um embaixador para a embaixada do país em Brasília. A decisão foi tomada após o governo Zelensky criticar algumas falas e gestos do presidente Lula, vistos como favoráveis à Rússia.
Sem embaixador ucraniano desde junho
A representação está sem um chefe de primeiro escalão desde o início de junho, quando o embaixador Andrii Melnyk deixou o posto para assumir um cargo na Organização das Nações Unidas (ONU).
Mesmo que a ausência de um embaixador signifique um gesto de desaprovação de um governo em relação ao país que recebe a missão diplomática, fontes ligadas à diplomacia brasileira negam um possível distanciamento entre Brasília e Kiev.
Ação contra Israel e saída de aliança em memória do Holocausto
O Brasil também se encaminha para um rebaixamento nas relações com Israel – uma ação que, nos bastidores, já vinha acontecendo de forma gradual.
Após o início da guerra na Faixa de Gaza, o presidente Lula tem sido uma das lideranças internacionais com posturas mais críticas às ações de Israel durante o conflito, que já matou mais de 60 mil palestinos.
Como forma de aumentar a pressão contra o governo de Benjamin Netanyahu, o Brasil oficializou o ingresso na ação judicial que tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra Israel. Apresentado em 2023 pela África do Sul, o processo pede que o Tribunal de Haia, como também é conhecida a Corte, tome medidas contra possíveis crimes de guerra israelenses, incluindo o de genocídio, cometidos no enclave palestino.
A decisão brasileira provocou reações no governo israelense. Por meio da chancelaria do país, o governo Netanyahu classificou o apoio do Brasil à ação como “falha moral”. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel ainda declarou que o gesto do governo Lula indica um abandono do “consenso global contra o antissemitismo”.
Em outro sinal contrário às ações israelenses em Gaza, o governo Lula também decidiu retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). Desde 2021, o país participava da organização, criada na década de 1990 para combater o antissemitismo, como país observador.
Fonte: Metrópoles
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